Mensagem dos Párocos

A TODA A COMUNIDADE PAROQUIAL DE SANTA MARIA MAIOR DE ALMACAVE E SEUS COLABORADORES NA ACÇÃO PASTORAL

Igreja em Caminho e em Comunhão

Na Carta Pastoral de 1 de outubro de 2018, o nosso Bispo apontava no sentido de que os próximos três anos pastorais incidissem na revitalização do nosso amor à Igreja, nossa Mãe, que está em Lamego e em cada uma das suas paróquias. No decurso do Ano Pastoral anterior, colocamos diante de nós o rosto e o jeito da “Igreja Chamada e Enviada em missão”. No Ano Pastoral 2019-2020 ocupar-nos-emos, sobretudo com o rosto sinodal de uma “Igreja em Caminho e em Comunhão”. Na sua Carta Pastoral, o nosso Bispo detém-se, profundamente, sobre o significado da sinodalidade (cf. nº 8 e 9) e provoca-nos a que alarguemos os nossos horizontes em ordem a uma verdadeira sinodalidade: façamos caminho juntos, “lado-a-lado, em comunhão, não obstante as naturais diferenças que haja entre nós. Ou talvez mesmo por causa das diferenças que há entre nós, é que nós temos de aprender a caminhar juntos, acertando ritmos, passos e modos” (cf. nº11). Deste modo, somos desafiados a caminhar com crianças, jovens, pais, avós, amigos, inimigos… a adotar uma cadência, um novo modo de avançar que a todos sirva e a todos congregue sem deixar ninguém para trás. É este o grande impulso a tomar, não para fazermos mais coisas na nossa comunidade, mesmo que bonitas e interessantes, mas deixar a própria comunidade “a fazer-se” e a “como fazer-se”, a pensar-se por dentro para se deixar germinar, à medida que comprometa todos numa mesma caminhada, geradora de uma maior comunhão entre todos, crentes e descrentes, indiferentes e os mais presentes. No nº 12, da mesma Carta, o Senhor D. António Couto especifica já um plano a implementar que atualiza a sinodalidade: “Façamos crescer movimentos envolventes, cada vez mais amplos e envolventes; ao encontro de todos (…) empenhados no caminho longo do diálogo, da escuta e da partilha, da oração, da compreensão, da visitação e da caridade”. Neste caminho, o Senhor Bispo não deixa de relevar que a centralidade da fé, da evangelização e, sobretudo do Espírito Santo estão na base da sinodalidade.

1. No caminho percorrido

Sem menosprezar o caminho já percorrido por todos aqueles que que foram “fazendo” a Paróquia de Almacave e que construíram os alicerces do nosso agora, e tendo em conta a nova configuração geográfica da malha habitacional que levou à concentração de muitos paroquianos em zonas periféricas e distantes do tradicional centro da vitalidade da celebração cultual; as mudanças socioculturais numa época em mutação que suscitam questões novas e respostas urgentes em relação principalmente às famílias; o envelhecimento dos paroquianos que tiveram um papel ativo nas décadas passadas e que eram e ainda são o sustentáculo dos movimentos pastorais que até agora resistem no tempo; a dolorosa e crescente erosão e enfraquecimento da fé dos nossos jovens, com tudo que isso comporta não somente a nível espiritual, mas também a nível social e comportamental ; a ausência de compromissos cristãos nas faixas etárias mais fecundas para a o rejuvenescimento do tecido paroquial; o esvaziamento confrangedor das nossas assembleias eucarísticas; a apreensão crescente do número cada vez mais diminuto das crianças que frequentam a catequese e da desresponsabilização das famílias no quadro da educação cristã dos filhos… têm-nos levado, embora ainda timidamente, a repensar, traçar e percorrer novos caminhos que nos possam levar ao encontro de todos. Há experiências já testadas no seio da comunidade cuja a avaliação feita, pela equipa sacerdotal e também no seio do Conselho Pastoral Paroquial, que apontam que é nesta direção de “fazer caminho juntos” que deveremos prosseguir. Referimos algumas delas que têm revelado que, quando “estamos” e “caminhamos juntos”, é maior e mais credível a visibilidade do “ser” e do “fazer-se” Paróquia: a preparação da visita pastoral do Senhor Bispo através de encontros sectoriais que abarcaram toda a paróquia; o mesmo aconteceu na preparação e vivência do ano da fé; a formação de pequenos grupos de oração disseminados pelos espaços da Paróquia, quer na Oração Mariana do mês de Maio, quer nos encontros em bairros habitacionais que recebem a visita da Sagrada Família; o ressurgir de grupos de oração, de formação e de catequese de adultos; o magusto paroquial, o encerramento do ano pastoral através do Convívio Paroquial; adorações eucarísticas nas 24 horas para o Senhor e no Tríduo da Comunhão pascal através de grupos que se organizam por bairros e vizinhança, a festa do encerramento da catequese, o remeter pais a animação litúrgica da eucaristia das crianças; o Grupo de Jovens com as suas atividades de formação e ação e a presença da Paróquia, todos os anos em agosto, na Comunidade Ecuménica de Taizé…


2. O Caminho a percorrer

Eis-nos aqui!!! No agora da salvação, no hoje de Deus, no tempo da esperança, no caminho… conscientes de que há belas paisagens para disfrutar e pedras onde tropeçar, dias brilhantes e noites escuras, pontes e túneis para atravessar. Não temos nenhum GPS que nos diga os passos a dar ou algum mapa com um caminho indicado. No entanto, não nos parece que isso seja importante quando sabemos que o Caminho não é um pedaço de terra a ser calcado mas é Alguém a seguir, um estilo de vida a imitar, um modo sempre novo de conviver e amar (cf. nº7). Como nos diz o nosso Bispo na Carta Pastoral, “são inúmeros os desafios a que teremos de responder!” (cf. nº 11), mas é necessário “dizer toda a fé de sempre, num modo novo, ajustado ao homem de hoje” (cf. nº9), evitando correr o risco de profanar o presente com a sacralização do passado ou com o temor do futuro. Nesta linha, é essencial empreender uma ação pastoral suficientemente abrangente e pormenorizada, procurando chegar às várias gerações e aos diferentes corações. Não podemos deixar nenhuma pessoa para trás, tenha ela 8 ou 80 anos! Unidos pela força do Espírito Santo, havemos de caminhar:

- REVITALIZANDO as tradições e ARRISCANDO novas formas de evangelizar;
- ACOLHENDO aqueles que nos procuram e SAINDO ao encontro das pessoas;
- PROPORCIONANDO experiências marcantes e VAROLIZANDO a riqueza do ritmo paroquial quotidiano;
- ALICERÇANDO todo o agir pastoral na profundidade espiritual e MOTIVANDO os irmãos através do testemunho de vida.

 

Almacave, 27 de outubro de 2019

Pe. José Pinto Rodrigues Guedes
Pe. José Fernando Saraiva Abrunhosa
Pe. Luís Rafael Teles Azevedo