SEMANA DOS SEMINÁRIOS: “PADRE? EU?

TESTEMUNHO

Sempre tive um percurso normal, no que diz respeito ao caminho na Igreja. Fui batizado relativamente cedo. Sempre frequentei a catequese, e fiz o que nela me era pedido. No entanto, nunca despertei um real interesse por ela, e, na maioria das vezes, só a frequentava porque era obrigado a fazê-lo. Fiz o Crisma e, como era normal, e como cada vez mais vai sendo, nunca mais meti os pés numa Igreja.

Até que, passado uns anos, comecei a sentir, depois de alguns problemas pessoais, um desejo enorme de me sentar numa Igreja e... Ler a Bíblia! Não entendi donde me vinha tal desejo, mas o certo é que, depois de tantos anos sem me importar com nenhuma das coisas de Deus, comecei a ler a Sagrada Escritura, solitariamente, num recanto da Igreja de Santa Maria Maior de Almacave. E não só isso, mas comecei também a ir à Missa, voluntariamente.

Hoje, posso afirmar com certeza que foi aí que Deus começou a trabalhar em mim.
De volta à Igreja, procurei um grupo para me integrar, o qual me foi apresentado pelo Sr. P. José Abrunhosa, que, caridosamente, me apresentou o Grupo de Jovens de Almacave. Fui bem acolhido, e a partir daí fui-me integrando na comunidade, o que só veio a fortalecer a, até então, fé perdida. Foi este mesmo grupo que me convidou para a participar no Movimento dos Convívios Fraternos, o instrumento pelo qual Deus me lançou a sua rede. Foi durante um convívio que, pela primeira vez, fui confrontado com a possibilidade de entrar no seminário. Devo dizer que não tive a melhor das reações. Inicialmente adquiri uma posição cética, não queria acreditar que esse tipo de caminho seria para mim. Era algo que criava em mim um certo mal-estar, e, frequentemente, perguntava-me: "Padre? Eu?"

Tinha ideias de vir a ser político.
Este sentimento de dúvida e de descrença foi-se mantendo, até que, por graça de Deus, começou a desaparecer e a ser substituído por um desejo grande de corresponder à Sua vontade.

Ora, tudo isto aconteceu durante pouco mais de um ano. Foi, sem dúvida, um processo curto, e inesperado para muitos, inclusive para mim, mas que envolveu um longo caminho de desenvolvimento pessoal. Depois da JMJ’23 preparei tudo para iniciar este caminho a que Deus me chama a percorrer. Caminho este que segue, e vai sendo trabalhado, aqui no Seminário.

Já lá vão 3 meses, desde que saí de Lamego e entrei no Seminário Interdiocesano de Braga. Escrevo este texto com grandes saudades de casa, dos amigos e da comunidade... Mas sempre confiante em Deus e no caminho que Ele quer para mim!


Francisco Pereira

Seminarista da Paróquia de Almacave.