Mensagem Pascal

“Enquanto conversavam e discutiam,
acercou-se deles o próprio Jesus
e pôs-se com eles a caminho”
Lc 24,15
Estimados Paroquianos
Talvez um dos relatos mais conhecidos e mais belos de Lucas seja o encontro de Jesus Ressuscitado com os dois discípulos na estrada de Emaús (Lc 24, 13-35).
A Paixão e a Morte de Jesus tinham deixada estes dois discípulos profundamente amargurados, desanimados e descrentes, a ponto de deixarem tudo, a cidade de Jerusalém, lugar da morte e da perseguição, e a comunidade dos discípulos agora desintegrada. Tudo tinha acabado e, por isso, voltam para casa desanimados e fracassados. Os príncipes dos sacerdotes e os chefes do povo tinham condenado à morte Jesus de Nazaré e por isso todos os sonhos e esperanças tinham caído por terra.
E enquanto caminhavam juntos (sínodo), “voltando ao princípio “, e retomando a vida de antes, lamentavam-se, pois nada mais havia a esperar, senão regressar a casa, ao passado.
Neste regresso, um outro viajante se faz companheiro de viagem e se junta a eles e com eles caminha (sínodo) em direção a Emaús. Este desconhecido anima-os, acorda-os dos medos e dos desânimos que os fazem regressar a casa e explica-lhes tudo o que a Escritura já dizia acerca do Messias que eles esperavam.
Porque anoitece, convidam-no a ficar em sua casa. E eis que Aquele que tinha feito caminho (sínodo) com eles, se revela, ao partir do pão, como o Cristo Ressuscitado, o Vivente. Já no caminho, os seus corações tinham pressentido que Aquele companheiro de viagem era o próprio Jesus.
Neste momento das nossas vidas, talvez nos encontremos na condição dos Discípulos de Emaús: um desencanto acentuado na vivência da vida cristã, a desmotivação paralisante que leva à apatia diante dos desafios colocados hoje às comunidades paroquiais, “uma sociedade refém de vários deuses, mas sem Deus,” ( D. António Couto, Mensagem Quaresmal 2023), a exclusão social e a pobreza, o desprezo pelos mais frágeis, as guerra geradoras de sofrimento e de morte, o eclipse parcial dos adultos que se torna visível nas igrejas semivazias, o definhamento da catequese paroquial, o desvanecimento dos jovens depois do entusiasmo vivido na JMJ23, a inadequação que tantas vezes revelam os nosso esquemas ou planos pastorais para os tempos e as circunstâncias acuais…
Como ao Discípulos de Emaús, vem-nos também a tentação de voltar para o passado, de olhar para trás, como medo do novo e do surpreendente no caminho dinâmico de Igreja que se quer peregrina em missão.
Mas, tal como os Discípulos de Emaús, Jesus Faz sínodo connosco para que possamos caminhar todos juntos, com todos, mesmo todos: crianças, adolescentes, jovens, adultos, com os mais idosos, com todos os menos “recomendáveis” … “A Igreja é a casa de todos. Na Igreja há espaço para todos. Para todos. Na Igreja ninguém é sobra” (Papa Francisco, Lisboa 3 de agosto 2023).
Mesmo em tempos de desânimo e de incertezas angustiantes, que marcam os dias que vivemos, o Ressuscitado, porque não nos abandona, caminha à nossa frente, para encher de sentido as nossas vidas, para ouvir as nossas angústias, para apontar o caminho. Vem abrir os nossos olhos à esperança, à alegria de nos sentirmos que também somos todos chamados a proclamar a Boa nova a quem somos enviados a testemunhar com a vida, a alegria da fé que acreditamos e celebramos. Juntos no Caminho da Páscoa queremos ser, para todos, peregrinos da Esperança e construtores de um Tempo Novo cheio de boas novas a proclamar.
Celebrar a Páscoa é também assumir que “todos somos companheiros de viagem, com O Ressuscitado a marcar o passo do nosso caminhar, caminhando(sínodo) sempre com aquele que o Senhor colocou ao nosso lado” (Papa Francisco).
Na sua Mensagem Quaresmal, o Papa Francisco lembra-nos que “a forma sinodal da Igreja, que estamos a redescobrir e cultivar nestes anos, seja também um tempo de decisões comunitárias”. Assim, a partir de agoora, dentro deste espírito sinodal que o Papa nos aponta, celebraremos o Tríduo Pascal juntamente com a Paróquia da Sé, participando nas celebrações litúrgicos destes dias, presididas pelo nosso Bispo.
A Igreja sinodal, uma Paróquia em sínodo é fazer a experiência feita pelos discípulos de Emaús e sentir o nosso coração a arder, porque Ele faz Sínodo ( caminho) connosco.
Uma Feliz e Santa Páscoa
Os vossos Párocos
P. José Pinto Rodrigo Guedes
P. José Fernando Saraiva Abrunhosa
