Plano Pastoral 2018 - 2019
A TODA A COMUNIDADE PAROQUIAL DE SANTA MARIA MAIOR DE ALMACAVE
E SEUS COLABORADORES NA ACÇÃO PASTORAL
“IGREJA CHAMADA E ENVIADA”
Acabamos, neste ano, o Plano Pastoral Trienal pensado e planeado pelo Conselho Pastoral Paroquial para a nossa Comunidade de Santa Maria Maior de Almacave: “Comprometidos no anúncio da alegria do Evangelho”.
Quisemos que ele estivesse vinculado à Exortação Apostólica do Papa Francisco, Evangelii Gaudium, procurando envolver toda a comunidade paroquial no compromisso do alegre anúncio da Boa Nova. Porque não poderia ser de outro modo, ao longo destes tês anos, procurámos “agarrar o desafio“ desta Exortação Apostólica, de modo a tornarmo-nos uma comunidade voltada para o ardor missionário de São Paulo, ao levarmos o Evangelho de Jesus a todos os quadrantes da Paróquia para que ela se torne, cada vez mais, a “Casa do Evangelho”. Ao mesmo tempo, foi possível articular este Plano Trienal com os vários planos pastorais da Diocese.
Neste ano pastoral, o nosso Bispo, pede-nos na sua Carta Pastoral para os próximos três anos pastorais, “Anunciar o Evangelho É a Vocação Própria da Igreja”, que orientemos a nossa ação pastoral para a revitalização do nosso amor à Igreja, nossa Mãe, que está em Lamego e em cada uma das suas Paróquias: “No decurso do ano Pastoral, 2018-2019, cuidaremos sobretudo as valências vocacional e missionária da Igreja chamada e enviada em missão”
(D. António Couto, Carta pastoral, n.º 1).
Acolhendo também a proposta do Papa Francisco, em Carta enviada ao Cardeal Filoni, para preparação de um Mês Extraordinário Missionário em Outubro de 2019; a Nota da Conferência Episcopal Portuguesa, “Todos, tudo e Sempre em Missão”, datada de 20 de Maio de 2018, que nos aponta a vivência de um Ano Missionário, iniciado agora neste mês de Outubro e a terminar em Outubro de 2019, que exorta todos os cristãos para que este Ano Missionário “se torne uma ocasião de graça, intensa e fecunda, de modo a despertar em todos o entusiasmo missionário”, e consultado o Conselho Pastoral Paroquial, entregamos, hoje, a toda a Comunidade e aos agentes de ação pastoral o Plano Pastoral para a nossa Paróquia.Este nosso Plano reflete, mais uma vez, o compromisso missionário (primeira vocação da Igreja), que nos é pedido pelo nosso Bispo na já referida Carta Pastoral de 1 de Outubro de 2018.
Um Plano Pastoral não se pode estancar numa mera intenção de definir metas de ação, mas a transformar-se num agir pastoral assumido por todos e que há de nortear a especificidade do nosso atuar e modo de ser Igreja na Paróquia de Almacave.
Que Maria, na invocação de Santa Maria Maior, nossa Padroeira, nos ajude a revitalizar o nosso “fervor e a suave e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando for preciso semear com lágrimas” (Evangelii nuntiandi, n.º 9)
Almacave, 4 de Novembro de 2018.
1. Igreja, Assembleia dos Chamados
O Concílio Vaticano II definiu a Igreja como Povo Deus (Cf LG 9). Mas, antes de tudo, esta expressão significa que Deus não se rendeu à exclusividade, pois é Ele sempre que chama e que convoca todos a fazer parte do Seu Povo. A imagem da Igreja, como Povo de Deus, enraíza-se na Sagrada Escritura. No Antigo Testamento, em virtude do chamamento divino, “ foi a ti que Javé teu Deus escolheu para que lhe pertenças como povo próprio, entre todos os povos da terra” (Dt 7,6), o Povo de Israel compreende que, como povo escolhido e chamado por Deus, tem uma missão que lhe é confiada: tornar-se mediador entre Deus os outros povos e testemunhar o Deus vivo e verdadeiro, criador do céu e da terra, às demais nações que os circundavam. Para Israel, ser povo de Deus não é privilégio; é compromisso sério que requer um discernimento constante em relação à identidade e fidelidade de ser Povo Chamado a uma missão.
A Igreja-Paróquia, Novo Povo Pascal, convocada pelo Pai em Cristo e na efusão do Espírito Santo (LG 9), é chamada pela Trindade a cooperar neste mesmo projeto salvífico que jorrou da cruz. Terá que sentir que é propriedade divina, pertença de Deus, porque sendo Deus o único que pode entrar na vida do homem e com ele fazer a História da Salvação, é chamada para lhe revelar a primeira finalidade para o qual o criou e colocou na terra. Para esta missão universal, Cristo fundou a Sua Igreja, comunidade dos chamados, para que todos os homens se salvem comunitariamente( cf. Mc 10,45) e vivam o Seu projeto de amor, que não é um senti- mentalismo estéril e nem algo de vago, mas o reconhecimento de que a vontade Deus é que todos os homens se salvem (1 Tm 2,4).
Tal como Deus convoca Abraão a sair do seu pequeno circulo familiar para abraçar a grande família humana e alargar as fronteiras da Salvação, assim a Igreja deverá ter um forte sentido de pertença exclusiva e amorosa de Deus (D. António Couto, Carta Pastoral, n.º 3). Uma Igreja chamada e que se deixa conduzir pelos caminhos por onde há de peregrinar. Igreja que “vive de Deus, vai com Deus” e responda “sim” ao seu chamamento (idem, n.º 4).
Como Paróquia, assembleia onde Deus habita e caminha, há que fazer despertar naqueles que residem neste espaço, o sentido de pertença a este “Povo Novo, Povo Santo”, pertença de Deus e família de Deus, sempre chamados, acompanhados e conduzidos por Deus” (idem, n.º 2), de tal maneira que todos não resistam a não caminhar e a viver de um modo sempre renovado a experiência de sermos este Povo Eleito, chamado e enviado. Este é um imperativo para uma ação mobilizadora na nossa comunidade.
2. Igreja, Povo Enviado
Reconhecendo que somos chamados a deixarmo-nos conduzir por Deus pelas sendas dos convocados, devemos ter a consciência que não se trata de um prémio pelos nossos méritos mas é, verdadeiramente, um dom divino do qual não somos donos absolutos mas é, precisamente, algo que nos desafia a viver de um modo renovado o compromisso e a missão de sermos também Povo Enviado. Para tal é necessário combater ou rejeitar toda a tentação de ficarmos na autorreferencialidade paroquial ou do “ir sós”, o que nos enclaustraria numa vivência solitária ou narcisista da fé não testemunhada.
Olhando para Carta Pastoral do nosso Bispo, no número 12.2, encontramos um exemplo concreto que tem, como pano de fundo, a atitude de Santo André. De facto, temos bastante a aprender com o gesto deste Apóstolo que “tendo seguido Jesus e visto onde morava, foi logo buscar Pedro para o levar a Jesus (João 1, 35-42)”. Tal como ele, desde o princípio, as primeiras comunidades cristãs viveram numa atitude evangelizadora porque pelo testemunho convocavam também outros para 'pertencerem' à Igreja: sentindo-se chamadas a um novo estilo de vida assente na pregação dos Apóstolos levavam os outros para o seu seio (Act 2, 42-47). De facto, a Igreja cresceu porque ousou 'sair' de si mesma para tornar presente a realidade do Evangelho no meio em que estava inserida.
São Paulo sentiu intensamente isto na sua vida, podendo nós constatá-lo na sua célebre expressão “anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória, mas uma necessidade que se me impõe desde fora. Ai de mim se não anunciar o Evangelho!” (1 Coríntios 9, 16). Paulo tinha consciência e convicção de que era chamado por Cristo para anunciar o Evangelho. Partir em Missão é sempre um acto consciente e livre de quem se sente chamado a anunciar Boa Nova de Jesus a qualquer pessoa e em qualquer lugar.
Esta necessidade imperiosa impõe-se, de facto, “desde fora” nas nossas vidas. Não é algo que tenha a sua génese em nós próprios mas tem a sua nascente em Deus e também nos irmãos que à nossa volta exigem, silenciosamente, o testemunho da nossa identidade cristã. Não se trata de fazer propaganda ou procurar dar nas vistas (Carta Pastoral nº13) mas que assumamos a beleza do compromisso e partamos ao encontro dos que ainda não receberam a mensagem evangélica ou, tendo recebido, não apropriaram a Boa Nova de Jesus ao seu modo de vida.
3. Todos, Tudo e Sempre em Missão
Conscientes de que somos assembleia convocada e povo enviado, temos de nos sentir desafiados a viver este ano missionário com autêntico ardor evangelizador.
Ora, convém relembrar que, evangelizar é a missão fundamental de todos os fiéis cristãos. Na verdade, a evangelização não é um ofício só do Papa, dos Bispos ou dos Padres, mas é um dever fundamental de todo povo de Deus (Ad Gentes n.º 35) que, ao ser evangelizado, torna-se ele mesmo evangelizador.
Neste contexto, não podemos ficar satisfeitos com uma evangelização protagonizada em países longínquos, nem nos é permitido que nos contentemos quando a nossa pregação apenas se faz ouvir em espaços tipicamente tradicionais. É necessário bem mais que isso: torna-se imperativo que se desencadeie em cada um de nós um êxodo evangelizador que tenha como destino os vários lugares onde se encontram as pessoas do nosso tempo. Na maior parte das vezes nem é necessário procurar muito… basta que estejamos atentos na nossa rua, no nosso trabalho, na nossa própria casa!
Sabemos que existem muitas dificuldades e que “os tempos de hoje já não são o que eram”, mas não podemos desanimar (Evangelii Gaudium n.º 85). Sejamos corajosos e criativos! Já não dá para “pescar” à rede? Já não conseguimos converter multidões? Então é a hora de pescar à linha… um a um, coração a coração. Somos desafiados a sair, a ir até às mais variadas periferias (Evangelii Gaudium n.º 30), procurando fazer com que a mensagem evangélica também chegue àqueles que andam afastados e, dentro dos possíveis, só depois de compreendermos quais sãos as alegrias e tristezas de cada um deles.
Há necessidade de proximidade e de diálogo (Evangelii Gaudium n.º 142). Nenhum evangelizador pode descansar, prazenteiramente, à sombra de um monólogo. Não é plausível que, simplesmente, se anuncie que Cristo ressuscitado é a resposta para as pessoas de hoje sem que, primeiramente, se tenha percebido quais são as suas perguntas neste momento! Antes de se dizer o que quer que seja, o primeiro passo para uma evangelização fecunda assenta no escutar e compreender o modo de pensar das pessoas que estão diante de nós. Aqueles que são portadores e dadores da Boa-Nova devem ser profundamente sensíveis à história de vida de cada pessoa.
Se assim o fizermos, iremos perceber que não nos faltam oportunidades para evangelizar. Basta que tenhamos aquele ardor missionário que impele a procurar quem, como, quando e onde… a procurar os corações sedentos de Deus e apresentando, como trave mestra da nossa evangelização, a vivência coerente daquilo que se anuncia e em que se acredita (Evangelii Nuntiandi n.º 41). Não basta evangelizar com palavras, é preciso fazê-lo com a vida.
4. Em síntese…
RECONHECER que a Igreja não é uma organização… mas somos todos nós;
SAIR do conforto… colocando em prática uma 'pastoral de rua';
APROVEITAR as diversas propostas da Paróquia… procurando participar ativamente;
CONVIDAR novas pessoas para nos ajudar… evitando sobrecarregar sempre os mesmos;
REPENSAR os nossos grupos, movimentos, irmandades e demais estruturas paroquiais… tendo em conta os desafios de hoje;
VIVER com autenticidade, a alegria de sermos Chamados e Enviados…
depositando tudo nas mãos de Deus.